Para lutar pelas prerrogativas, a advocacia nacional se mobilizou contra a criminalização da profissão em um ato de defesa à classe realizado na Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Mato Grosso (OAB-MT) nessa quinta-feira (23).
Com a presença do presidente do Conselho Federal (CFOAB), Claudio Lamachia, do presidente da Comissão Nacional de Defesa das Prerrogativas, Jarbas Vasconcelos, do secretário-adjunto do CFOAB, Ibaneis Rocha, e do presidente da OAB-SP, Marcos da Costa, o ato em defesa da advocacia reuniu mais de 300 advogados no auditório da entidade e alcançou mais de 40 mil pessoas em transmissão ao vivo pelo Facebook.
O ato em defesa da advocacia ocorreu após mobilização nacional da OAB através do Conselho Federal, do Colégio de Presidentes das Seccionais, do Conselho Seccional da OAB-MT e do Colégio de Presidentes das Subseções da OAB-MT que emitiram nota de repúdio à juíza da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, Selma Rosane Santos Arruda, que utilizou das prerrogativas da advocacia, previstas em lei, como argumentos para decretação de prisão preventiva.
Claudio Lamachia ressaltou o empenho da atual gestão em defender as prerrogativas e afirmou que decisões como esta afrontam diretamente a advocacia brasileira. “Estamos aqui em Mato Grosso para bradar contra decisões que desrespeitam a advocacia em sua essência. Nos últimos dias tivemos aqui pelo menos três decisões que afrontam diretamente a advocacia nacional. Temos decisões que prendem advogados por serem advogados. Todos queremos combater o crime e a impunidade, mas temos uma obrigação inarredável que é defender o devido processo legal e a Constituição Federal sob pena de retornarmos a períodos negros que jamais deveríamos ter vivido neste país”, disse.
O presidente da OAB/MT, Leonardo Campos, reiterou que é pelas leis que a advocacia prometeu lutar. “As prerrogativas da advocacia são estabelecidas em lei. Estão lá para serem cumpridas. Não porque queremos privilégio. Mas porque a história nos ensinou que precisamos ter a ampla defesa e o contraditório garantidos. Porque a Constituição estabeleceu uma voz na luta pelos direitos quando colocou que o advogado é indispensável à administração da Justiça”.
Representando o Colégio de Presidentes das Seccionais, o presidente da OAB/SP, Marcos da Costa, observou que o ato reuniu toda a advocacia brasileira em Mato Grosso e de forma simbólica relembra a importância do advogado no Estado Democrático de Direito.
“Aquelas autoridades que insistem em desconhecer a importância arbitral do Estado Democrático e direito de defesa, portanto da advocacia, que aquela magistrada ou magistrado que desrespeita uma das nossas prerrogativas ou mais grave ainda que pretende criminalizar o exercício da nossa nobre profissão comete um verdadeiro atentado ao Estado Democrático de Direito”, apontou Marcos da Costa.
Já Jarbas Vasconcelos destacou a necessidade de cada advogado em defender as suas prerrogativas. “Quando um advogado estiver em uma Subseção, em uma delegacia, mesmo assim não estará sozinho, estão com ele os 1 milhão e 54 mil advogados brasileiros. Estamos aqui em Mato Grosso para dizer em alto e bom som que não tememos nenhum magistrado, nenhum membro do Ministério Público, nenhum delegado. Não temos receio de enfrentar, confrontar, denunciar e representar contra qualquer autoridade, que não respeita as prerrogativas dos advogados”.
O presidente do Tribunal de Defesa das Prerrogativas (TDP) da Seccional matogrossense, André Jacob Stumpf, rechaçou a fundamentação da prisão sobre o exercício da profissão. “Não admitiremos que a nossa profissão seja usada como meio e fundamento para se prender ou para se tolher o direito do cliente pelo qual ele fala. O advogado como instrumento da Justiça previsto na Constituição Federal no artigo 133 é essencial à administração. Nós não aceitaremos que o advogado seja achincalhado na sua profissão. Este é um momento triste que nos reunimos aqui contra a criminalização da advocacia”, concluiu.