Vamos deixar de lado as formalidades para que sejamos otimistas na medida certa: se há hoje um sentimento que une as gerações jovens àquelas mais experientes da advocacia em Rondônia, este é sem dúvida o da preocupação com o futuro da nossa profissão e os rumos do mercado de trabalho. Ambos se descortinam em incertezas e por isso quero compartilhar com vocês mais do que uma mensagem de celebração para marcar o Dia Nacional da Advocacia, o nosso 11 de agosto.
Devemos celebrar sempre, mas refletir e agir são fundamentais neste momento para que possamos manter acesas as perspectivas positivas no horizonte. Em poucos períodos da nossa história foi tão importante defender a advocacia quanto agora. Enfrentamos graves problemas estruturais em pelo menos três dimensões importantes: na formação de novos profissionais, que precariza o mercado em relação à qualidade e à quantidade; na atualização tecnológica, para a qual ainda não nos preparamos devidamente; e no exercício da profissão, cujas prerrogativas legais têm sido frequentemente atacadas.
Devemos avançar no aperfeiçoamento dos mecanismos de estímulo a uma formação de maior qualidade da jovem advocacia, para evitarmos os excessos da concorrência predatória, e sobretudo para prepará-la a lidar com os clientes. A gente é treinado para entender o Direito, conhecer os processos e as regras, mas não nos ensinam a cuidar do cliente e suas angústias sobre a justiça, a compreendê-lo e colocá-lo no centro das nossas atividades.
De algum modo, precisamos nos reinventar permanentemente. Porque inovar não é algo relativo apenas a equipamentos e programas. Tecnologia é instrumento, é meio. O que vai nos manter imprescindíveis não será mais a informação sobre o direito, mas o tempo e o modo como lidamos com os clientes e a solução de suas causas. É o olhar ao redor, ver as injustiças, definir contra quais delas vamos atuar e a serviço de que segmento da comunidade.
Ao mesmo tempo, como diria o poeta, precisamos estar atentos e fortes, porque há agentes públicos – minoritários, é importante que se diga – que percebem o exercício da advocacia como um obstáculo à realização de seus papeis. Daí a multiplicação de casos de abusos policiais contra advogados e advogadas, de membros de poderes que estimulam uma falsa visão das prerrogativas como sendo privilégio de uma categoria e não instrumento fundamental da justiça e da cidadania.
Em razão disso tudo, cabe a nós reagir com firmeza, promover uma reflexão profunda e apontar novos caminhos que nos permitam a adequada atualização e o fortalecimento da advocacia. Temos discutido esses temas na OABRO, mas espero que possamos ampliar ainda mais os debates por meio de reuniões presenciais ou virtuais, pelas redes sociais e números de whatsapp. Porque uma outra certeza eu tenho: devemos caminhar unidos.
Viva a advocacia!