Consideradas as pendências insistentemente permanentes na pauta político-administrativa rondoniense, não há como deixar de comemorar a posse do senador Rodrigo Pacheco na Presidência do Senado da República. É que, mesmo senador por Minas Gerais, ele jamais esqueceu sua naturalidade rondoniense. Sua aproximação com a representação rondoniense aconteceu inicialmente na Câmara dos Deputados, onde presidiu, com serenidade, a importantíssima Comissão de Constituição e Justiça. Era um momento exponencialmente crítico, no qual se analisava as denúncias contra Michel Temer, logo após o impeachment de Dilma Rousseff.
Eleito senador, ao derrotar exatamente Dilma em Minas, ele conquistou, já no segundo ano de mandato, a indicação de David Alcolumbre para a própria sucessão. Seu espírito cordial e conciliador não é, ao contrário do que até naturalmente se imagina, estratégia de ação política. Tive a oportunidade de manter excelente relacionamento, que resultou em uma bela amizade com ele em Brasília, quando presidia a OAB Rondônia e ele representava Minas no Conselho Federal da Ordem. E o que nos aproximou foi justamente nossa origem portovelhense.
Mas, afinal, que pendências rondonienses seriam essas e como Rodrigo Pacheco poderia interferir? Elas são as mesmas que há anos insistem em permanecer como verdadeiros nós górdios a emperrar o pleno desenvolvimento do estado e consolidação de nossa economia. Em algum momento – que, esperamos, esteja próximo – haveremos se superar, com a vacinação em massa da população, a catastrófica crise sanitária que nos atinge, atemoriza a todos e impõe sofrimentos a tantas famílias.
E teremos que retomar, com esforço redobrado, o trabalho pela recuperação da economia e do crescimento. Rondônia voltará então ao convívio com velhos problemas, como a necessidade de duplicação da BR-364, a ferrovia, a regularização fundiária, a aceleração do processo de transposição, a contenção das margens do rio Madeira ou a retomada do projeto da ponte binacional Brasil-Bolívia em Guajará-Mirim. São, é claro, ações do Poder Executivo, mas o presidente do Senado pode fazer a diferença e alavancar soluções. Até porque impõem investimentos inimagináveis para o governo do estado, mas nem tanto para a União.
O nome disso é pragmatismo. E pressupõe mobilização integral de todas as forças do estado, independente de injunções político-partidárias ou posicionamentos no arco ideológico. “Não importa a cor do gato, contanto que ele cace ratos”. O pensamento é do presidente chinês Deng Xiaoping, que entronizou, com sucesso, seu país no mundo capitalista. É com esse espírito pragmático que Rondônia poderá inclusive sair na frente para se consolidar como potência econômica da região, deixando de ocupar o quarto dos fundos na geografia brasileira para se instalar no coração geopolítico do continente.
Será fundamental, na retomada dessa trajetória, a colaboração de Rodrigo Pacheco. Ele mesmo já manifestou a disposição de ajudar Rondônia, em vídeo gravado na companhia do senador Marcos Rogério. Ele se comprometeu inclusive a visitar oficialmente o estado, na condição de primeiro rondoniense eleito para comandar o Senado da República. Sua eleição para a Presidência daquela Casa foi retumbante. É quem melhor representa a diversidade de partidos ali instalados. Tanto que foi votado também por bancadas que não apoiaram o antecessor, como o PT e o PDT.
Mas, como já disse reiteradamente aqui, é preciso enfrentar uma crise de cada vez. E o momento é da crise sanitária. Somente depois da vacinação em massa, quando o país acordar desse trágico e doloroso pesadelo, será possível buscar a retomada da normalidade econômica, com a decisiva e pragmática atuação em conjunto de todas as forças do estado. E toda ajuda será muito bem vinda.