A Copa do Mundo para os brasileiros acabou na semana passada. Para quem gosta de futebol, no próximo domingo há um compromisso imperdível, sem dúvida. Mas não com a mesma graça. Para o bem e para o mal, o fim dos festejos da bola faz com que nós, habitantes do país do futebol – sim, apesar do domínio europeu nas últimas quatro Copas, só o Brasil é pentacampeão mundial – tenhamos de voltar a encarar o espelho. E não temos gostado do que vemos.
Mas isso não pode nos desaminar. O brasileiro é mais do que bola. Muito mais. E o Brasil é mais do que o país do futebol. Os desafios são diversos e, muitas vezes, metem medo. Só que a vida nunca nos coloca à frente de um obstáculo maior do que aquele que conseguimos suplantar. Os obstáculos existem para testar nossa capacidade de superação. E quando olhamos para nós mesmos percebemos que essa capacidade é impressionante.
O Brasil é um país pujante, tem iniciativas formidáveis e tem uma população que não se resigna. Há marcas brasileiras admiradas mundialmente. Por exemplo, a tecnologia desenvolvida no país para a exploração de petróleo em águas profundas. Somos respeitados internacionalmente por criar algo de eficiência invejável em um setor fundamental para o bom andamento do mundo. Não é pouca coisa.
O que dizer, então da nossa capacidade de organizar eleições com o uso de urnas eletrônicas. São quase 150 milhões de eleitores, que votam em 5.568 municípios de forma simultânea em quase 460 mil zonas eleitorais que usam perto de 600 mil urnas eletrônicas.
É salutar, nesse contexto, que o país tenha um Judiciário respeitado. Faz-se necessário restaurar certo equilíbrio entre os poderes, porque não há democracia que se sustente com desequilíbrio entre as forças da República. O combate à corrução é primordial. Passou a hora de exigirmos, com afinco, um trato limpo e eficiente da coisa pública como pedra fundamental a partir da qual deverá se erguer nossa nação, que precisa deixar de ser o país do futuro.
Os problemas brasileiros são muitos, e estruturais. Passam pelo despreparo para educar e para resgatar a dignidade de pessoas que cometem crimes e terminam no sangramento do erário, que mina os planos de desenvolvimento de educação, saúde, transporte, segurança, emprego e por aí em diante. A restauração da credibilidade da população na política é premissa básica para que possamos andar para frente. Não há dúvidas sobre isso.
Mas justamente para encarar com a força necessária o espelho, diagnosticar nossos defeitos e enfrentá-los é preciso olhar para as iniciativas que funcionam e nos orgulham. Os exemplos existem. É a partir deles que precisamos resgatar nosso orgulho de ser brasileiros. Pois afinal existe um Brasil que dá certo, muito além das quatro linhas de um campo de futebol, onde o jogo é jogado por cada um de nós.