Quando são celebrados os 57 anos de fundação de Brasília, nunca é demais traçar um paralelo entre os dias atuais e o exemplo deixado pelo ex-presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira, o grande edificador da nova capital da República.
Ao longo de sua carreira, JK foi um construtor: de hidroelétricas, de estradas, de uma nova capital e de sonhos. Sem perder o seu bom humor, sacudiu a vida administrativa, política e cultural do Brasil; cumpriu todas as metas prometidas durante sua campanha à Presidência da República, e, ao final, foi magnânimo com seus adversários políticos, mesmo os mais ferrenhos, que tentaram, mas jamais conseguiram, apontar-lhe um só desvio de conduta ética.
Em um País como o nosso, onde o fosso que separa os ricos dos pobres ainda é profundo, é fundamental recorrer à memória de JK para cobrar dos políticos e das instituições seriedade e transparência na condução dos negócios públicos, pois está na corrupção a raiz de todos os males sociais. É uma prerrogativa de todo cidadão reivindicar honestidade de seus governantes.
A crise brasileira é moral, ética, exige mobilização para enfrentá-la. Cabe a cada um de nós fiscalizar e cobrar, para que o resultado de toda a movimentação recente de investigação, apuração e denúncias não resultem em impunidade. A batalha da cidadania contra a corrupção é a batalha-síntese de todas as lutas que se travam em nosso país, particularmente no sentido de se implantar as bases de uma democracia que coloque a ideia de povo no lugar central da nação.
E o Distrito Federal, neste particular, não foge à moldura nacional. A situação da capital da República, devemos reconhecer, não é das melhores. Está a exigir um esforço extra para restabelecer, em toda a sua plenitude, os serviços essenciais aos seus cidadãos, há muito prejudicados naquilo que lhes são mais caros, como segurança, saúde, transporte, e, para piorar, uma crise hídrica sem precedentes a assombrar o horizonte, só para ficar nessas áreas. A lista de prioridades é imensa.
No que se refere à segurança, o sentimento é de abandono, tanto do governo quanto da própria corporação. Tomar um ônibus para trabalhar tornou-se uma aventura de alto risco, pois os assaltos são frequentes. O próprio fato de depender do transporte público transformou o brasiliense em um campeão diário em corrida de obstáculos.
Aprendemos com a história que grandes mudanças e transformações importantes são sempre resultado de momentos de crise. Isto é, quando nossa capacidade de resposta e virtudes são postas a teste.
É na crise que devemos, mais do que em qualquer outro tempo, nos apegarmos a princípios e a valores fundados no funcionamento da ordem institucional, no exercício da cidadania e da liberdade. Apenas dessa forma, contra todas as previsões e pessimismo, JK conseguiu cumprir a façanha de erguer, no meio do nada, a capital de um país de dimensões continentais.
Cabe a nós, agora, arregaçarmos as mangas e, lembrando o exemplo do fundador de Brasília, trabalharmos para nos aprimorarmos como sociedade.