O papel, da mulher desde o final do Século XIX, foi se modificando gradativamente, à medida que a sociedade flexibilizou sua estrutura, quando os provedores patriarcais do lar foram cedendo espaço para as mulheres beligerantes que trabalham fora, educam filhos e cuidam do lar.
Na atualidade, essa realidade atinge seu ponto mais alto: as mulheres têm se qualificado cada vez mais e agrega aos deveres da filha, esposa e mãe, a obrigação de profissional bem-sucedida, apesar da discriminação.
Há décadas as mulheres deixaram de lado a figura frágil que outrora representavam, obtendo igualdades perante as leis e tornando-se protagonistas à frente da sociedade, das empresas e das profissões liberais.
Entretanto, continua a receber salários menores em cargos equiparados aos dos homens, sofrendo assim com a cultura machista arraigada em todos os âmbitos sociais.
É fato que a mão de obra feminina tende a ser mais qualificada, tanto pelo estímulo aplicado na infância quanto pela necessidade de não aparentar fragilidade perante a sociedade.
Outrossim, é verdade que apesar de haver maior qualificação de mulheres em relação aos homens, ainda tem vez na sociedade a cultura machista, que premia com melhores salários e melhores cargos os homens, utilizando a firmeza, o bom poder de persuasão, a força física masculina, negando essas características como ausentes nas mulheres que, por vezes, são mais persistentes, fortes e negociadoras por que escolheram entrar no mercado de trabalho.
Todavia, diferente do que ocorre com os homens, que são ovacionados por suas ambições, poder e sucesso, as mulheres com características semelhantes pagam um preço alto por isso.
A advogada indiana Vrinda Grover, eleita pela revista Times um das cem pessoas mais influentes do mundo, por sua luta global pelos direitos femininos defende que “Todos nós, independentemente do gênero, temos de ter a consciência de que a desigualdade é construída dentro da sociedade. E, por isso, só pode ser combatida com efetividade se houver uma clara união dos membros dessa sociedade”.
Tarefa árdua, pois a cultura machista desafortunadamente está impregnada na sociedade, isso não exclui as mulheres, que muitas vezes culpam sua vitimização, mostrando-se violentas com si mesmas quando admitem que sofrer preconceito por seu sucesso é natural.
Vale ressaltar também que muitos homens são afetados de forma negativa com a cultura machista, pois são influenciados a agir de modo que a sociedade machista impõe, o que dá ensejo à continuidade dessa cultura separatista.
Certo é que o mundo atual ainda é um ambiente bastante hostil para as mulheres, que adentrando por trilhas bem complicadas, conquistam seu espaço. Essa jornada contribui para o auto conhecimento, quebra paradigmas e enfatiza a luta contra os modelos ainda predominantemente machistas, onde ainda há de se conquistar a verdadeira independência e liberdade feminina.
Para isso, é preciso haver coragem, pois terá a mulher que abdicar de várias “verdades” que lhe foram impostas, terá que acreditar e resolver questões que lhe parecem impossíveis.
As mulheres são mais que vencedoras e conquistam cada dia mais seu espaço e reconhecimento, independentemente de suas escolhas profissionais e pessoais, merecendo todo o respeito da sociedade que a mantém íntegra e realizada.
Séculos e mais séculos numa guerra travada com o preconceito, lutando para ter reconhecimentos iguais, é preciso cada uma enxergar a força que carrega dentro de si, erguer a cabeça e enfrentar os obstáculos como guerreiras, cada gladiadora deve ter a consciência que o tempo é de luta, quando o assunto é “conquistas” não há lugar para imposições machistas. Avante, lute e conquiste seu lugar, mulher.
*Aline Silva Corrêa é Conselheira Estadual da OAB/RO, advogada trabalhista e presidente da Associação Rondoniense da Advocacia Trabalhista (Aronatra)