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Artigo: “Não há o que comemorar”, por Andrey Cavalcante

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O Brasil precisa de construtores de pontes – eu disse, em discurso na posse solene da nova diretoria da OAB Rondônia. Nossa realidade já é suficientemente dramática para suportar aprofundamento do fosso construído no processo eleitoral, que já passou, mas do que o Excelentíssimo Senhor Presidente da República insiste em não se dar conta. “Um povo que não conhece a sua história está condenado a repeti-la” – advertia, no parlamento inglês o filósofo Edmund Burke. Por isso o presidente nacional da OAB, Felipe Santa Cruz classificou de “tenebrosa” a perspectiva de comemoração nos meios militares do aniversário golpe militar de 31 de março de 64, determinada pelo governo. Ele afirmou que “comemorar a instalação de uma ditadura que fechou instituições democráticas e censurou a imprensa é querer dirigir olhando para o retrovisor mirando uma estrada tenebrosa”.

“Mas a paixão cega nossos olhos,/ e a luz que nos dá é a de uma lanterna na popa, que ilumina/ apenas as ondas que deixamos para trás”. Os versos, de Taylor Coleridge, talvez expliquem a declarada e equivocada paixão presidencial por um passado que somente deveria ser lembrado para que se possa evitar sua repetição. Aquela lanterna, afinal, instalada na popa do barco, embute também o risco de orientar os apaixonados na repetição de nossa traumática experiência do passado. Eles enxergam, com sua ótica particular, ondas iluminadas deixadas para trás, sem a preocupação de saber de onde vieram, o que provocaram e o que são capazes de indicar para frente. Comemorar 64 equivale à tentativa revisionista de historiadores alemães na década de 1960, que, incomodados com o “passado que não queria passar”, resolveram reinterpretar fatos históricos, relativizando o nazismo e o holocausto. “O que significam 12 anos (de nazismo) diante da milenar história da Alemanha?” – perguntavam.
Semelhante iniciativa revisionista parece sempre inspirar o senhor presidente da República. Ele chegou a dizer em entrevista que não houve ditadura no Brasil e que, assim como num casamento, todo regime tem alguns “probleminhas” (é de se rezar para que ele próprio não decida resolver eventuais problemas conjugais com tiros, prisão, tortura e execuções sumárias). “Temos de conhecer a verdade” – disse, para completar: – “Não quer dizer que foi uma maravilha, não foi uma maravilha regime nenhum. Qual casamento é uma maravilha? De vez em quando tem um probleminha, é coisa rara um casal não ter um problema, tá certo?” (sic). E foi além, ao minimizar o que ele próprio chamou de “probleminhas” ao longo do regime. Ele ainda apontou o processo de entrega do poder pelos militares aos civis como comprovação da inexistência de uma ditadura no Brasil durante o governo militar.

É de se perguntar se ele inclui entre os “probleminhas” o conteúdo do documento, de 11 de abril de 1974, elaborado pelo então diretor da CIA, William Egan Colby, e endereçado ao secretário de Estado dos EUA Henry Kissinger. O tal memorando, tornado público pelo governo americano relata um encontro entre Geisel, João Batista Figueiredo, e os generais Milton Tavares de Souza e Confúcio Danton de Paula Avelino. O general Milton, segundo o documento, disse que o Brasil não poderia ignorar a “ameaça terrorista e subversiva”, e que os métodos “extra-legais deveriam continuar a ser empregados contra subversivos perigosos”. No ano anterior, 1973, 104 pessoas “nesta categoria” foram sumariamente executados pelo Centro de Inteligência do Exército”. Diz ainda que Geisel autorizou a continuidade da ação, mas exigiu do Centro de Informações do Exército a autorização prévia do próprio Palácio do Planalto.

A bem do respeito à memória nacional é fundamental estabelecer que nem os militantes da esquerda da luta armada agiam em defesa da democracia – já que, treinados em Cuba, China e União Soviética, pretendiam instalar aqui a “ditadura do proletariado” com a qual muitos demonstram sonhar até hoje – nem os militares estavam lá para a correção de “probleminhas”. A devolução do poder aos civis foi decorrente de um pacto nacional celebrado a partir da anistia. É nessa direção que deve ser mantido o foco da tal “lanterna da popa”, para que o país se recorde dos chamados “anos de chumbo” e para que nesse pacto se espelhe a busca de união nacional, fundamental para o desenvolvimento da nação e superação de tão imensas dificuldades.

Evocar tamanha amargura à guisa de comemoração ou celebração significa apenas tripudiar por sobre o sofrimento de tantas famílias de brasileiros de ambos os lados daquela verdadeira guerra fratricida. O Brasil precisa olhar para a frente, como adverte Felipe Santa Cruz, para quem não se pode permitir que os ódios do passado envenenem o presente e destruam, destruindo o futuro. É obrigação de todos os brasileiros “olhar para a frente e tratar do que realmente importa: o futuro do povo brasileiro” – sentenciou o presidente da Ordem, para acrescentar que – “Não podemos dividir ainda mais uma nação já fraturada”.

Fonte da Notícia: Andrey Cavalcante - Conselheiro federal e ex-presidente da OAB/RO

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