Não são apenas as nuvens carregadas – prenúncio apavorante de nova enchente – que assustam hoje os destemidos pioneiros. Ainda que o inverno passe sem grandes desastres, nosso céu dificilmente haverá de se manter assim “sempre azul, cristalino e muito puro”. Por conta das ambições desmedidas de grupos políticos, estas paragens do poente dificilmente deixarão de estar carregadas de cumulonimbus neste ano eleitoral. O novo escândalo que ameaça Rondônia, com articulações personalistas, ameaças, denúncias e espionagem precisa ser controlado. Isso não significa desconsiderar as ilegalidades cometidas em todas as etapas desse espetáculo deprimente. Se pairam suspeitas sobre a conduta do governador, elas devem ser apuradas. Se os deputados efetivamente dispõem de elementos para formular acusações e deixam de fazê-lo, estão cometendo crime de prevaricação. Se foram instaladas escutas clandestinas na Assembleia, tudo isso deve ser investigado e, identificados os responsáveis, serem levados ao judiciário. Não pode haver concessões.
Mas o episódio com certeza trará graves repercussões negativas para um ambiente extremamente promissor que tem tornado o estado de Rondônia respeitado em todo o território nacional, pela consolidação do desenvolvimento e pelo excelente desempenho da economia. É fundamental, portanto, que se aplique um choque de racionalidade às lideranças político-partidárias de nosso estado. É preciso mobilização das entidades e instituições representativas da sociedade – e a OAB Rondônia se apresenta desde já para participar e colaborar – pela recuperação da moralidade na política, não importa quantas e quais parcelas de poder possam ser atingidas. A sociedade merece respeito e sabe que no final dessa escalada está a busca da facilidade de acesso ao pote de ouro que imaginam ser o poder, que deveria ser conquistado pela via eleitoral limpa e democrática.
Os partidos políticos e seus representantes melhor aquinhoados na ocupação de cargos públicos precisam estar atentos para uma realidade nacional cujo efeito mais deletério se dá na predisposição manifesta contra a atividade política, em que alguns começam a considerá-la um mal em si mesmo, e não ela própria vítima da má conduta de alguns agentes públicos. A advertência é parte de artigo “A hora e a ver da justiça” publicado no jornal O Estado de São Paulo pelo presidente nacional da OAB, Cláudio Lamachia, há exatamente um ano. “O combate a ser travado, convém não esquecer, é contra a corrupção, não contra a política. Não se pode permitir que o saneamento moral da vida pública – indispensável e inadiável – sirva de pretexto para o advento de tiranias, qualquer que seja a ideologia que pretenda fundamentá-las, à direita ou à esquerda. Seria mais imoral e lesivo ainda para o País. Crise política se resolve dentro da política; os males da democracia só encontram remédio dentro da ordem jurídica do Estado Democrático de Direito, observando-se o devido processo legal e a plena defesa” – disse ele.
Nosso estado há anos conquistas maiores espaços no cenário nacional graças ao bom desempenho de nossa economia. Rondônia cresce em meio ao agravamento da crise nacional que levaria à falência várias unidades da federação, caso isso fosse possível. Isso repercute no enfrentamento de nossas dificuldades, atenção às nossas mais graves demandas e melhoria dos índices de qualidade de vida. Os pessimistas apontam na má qualidade dos serviços públicos de saúde, mas não observam as significativas quedas registradas pelos planos privados. Condenam os índices de violência mas não consideram que são muito menores que os registrados em outros estados. É claro que não vivemos no paraíso, mas já nos distanciamos significativamente dos tempos em que era quase imperativo grafar a advertência de Dante no portal da Amazônia, em Vilhena. Nossos avanços foram conquistados a duras penas e é preciso avançar muito mais para mantê-los, o que apenas será possível se, nas eleições deste anos, soubermos indicar pessoas qualificadas para o gerenciamento de nossos rumos.
Como disse, em 2006, o articulista Marco Aurélio Weissheimer, “o caminho nessa direção passa por apostar em mais democracia e não em menos. Há muita gente que anda desencantada com a política e que argumenta que não vem adiantando grande coisa votar. Esse diagnóstico sugere que um sistema democrático não sobrevive se os cidadãos limitarem sua participação ao ato de votar. Se é assim, participar das eleições, manifestar sua indignação ou aprovação através do voto, é uma condição necessária mas não suficiente para a democracia. Se é razoável definir a corrupção como a apropriação do espaço público e do Estado por interesses privados, a forma de combatê-la é democratizar o espaço público e o Estado, o que exige uma participação mais ativa da cidadania, uma participação que não se esgota no ato de votar”. É oportuno repetir: não é o político que se transforma em bandido. É o voto desinformado, vendido ou desperdiçado que transforma bandidos em políticos.
Não são apenas as nuvens carregadas – prenúncio apavorante de nova enchente – que assustam hoje os destemidos pioneiros. Ainda que o inverno passe sem grandes desastres, nosso céu dificilmente haverá de se manter assim “sempre azul, cristalino e muito puro”. Por conta das ambições desmedidas de grupos políticos, estas paragens do poente dificilmente deixarão de estar carregadas de cumulonimbus neste ano eleitoral. O novo escândalo que ameaça Rondônia, com articulações personalistas, ameaças, denúncias e espionagem precisa ser controlado. Isso não significa desconsiderar as ilegalidades cometidas em todas as etapas desse espetáculo deprimente. Se pairam suspeitas sobre a conduta do governador, elas devem ser apuradas. Se os deputados efetivamente dispõem de elementos para formular acusações e deixam de fazê-lo, estão cometendo crime de prevaricação. Se foram instaladas escutas clandestinas na Assembleia, tudo isso deve ser investigado e, identificados os responsáveis, serem levados ao judiciário. Não pode haver concessões.
Mas o episódio com certeza trará graves repercussões negativas para um ambiente extremamente promissor que tem tornado o estado de Rondônia respeitado em todo o território nacional, pela consolidação do desenvolvimento e pelo excelente desempenho da economia. É fundamental, portanto, que se aplique um choque de racionalidade às lideranças político-partidárias de nosso estado. É preciso mobilização das entidades e instituições representativas da sociedade – e a OAB Rondônia se apresenta desde já para participar e colaborar – pela recuperação da moralidade na política, não importa quantas e quais parcelas de poder possam ser atingidas. A sociedade merece respeito e sabe que no final dessa escalada está a busca da facilidade de acesso ao pote de ouro que imaginam ser o poder, que deveria ser conquistado pela via eleitoral limpa e democrática.
Os partidos políticos e seus representantes melhor aquinhoados na ocupação de cargos públicos precisam estar atentos para uma realidade nacional cujo efeito mais deletério se dá na predisposição manifesta contra a atividade política, em que alguns começam a considerá-la um mal em si mesmo, e não ela própria vítima da má conduta de alguns agentes públicos. A advertência é parte de artigo “A hora e a ver da justiça” publicado no jornal O Estado de São Paulo pelo presidente nacional da OAB, Cláudio Lamachia, há exatamente um ano. “O combate a ser travado, convém não esquecer, é contra a corrupção, não contra a política. Não se pode permitir que o saneamento moral da vida pública – indispensável e inadiável – sirva de pretexto para o advento de tiranias, qualquer que seja a ideologia que pretenda fundamentá-las, à direita ou à esquerda. Seria mais imoral e lesivo ainda para o País. Crise política se resolve dentro da política; os males da democracia só encontram remédio dentro da ordem jurídica do Estado Democrático de Direito, observando-se o devido processo legal e a plena defesa” – disse ele.
Nosso estado há anos conquistas maiores espaços no cenário nacional graças ao bom desempenho de nossa economia. Rondônia cresce em meio ao agravamento da crise nacional que levaria à falência várias unidades da federação, caso isso fosse possível. Isso repercute no enfrentamento de nossas dificuldades, atenção às nossas mais graves demandas e melhoria dos índices de qualidade de vida. Os pessimistas apontam na má qualidade dos serviços públicos de saúde, mas não observam as significativas quedas registradas pelos planos privados. Condenam os índices de violência mas não consideram que são muito menores que os registrados em outros estados. É claro que não vivemos no paraíso, mas já nos distanciamos significativamente dos tempos em que era quase imperativo grafar a advertência de Dante no portal da Amazônia, em Vilhena. Nossos avanços foram conquistados a duras penas e é preciso avançar muito mais para mantê-los, o que apenas será possível se, nas eleições deste anos, soubermos indicar pessoas qualificadas para o gerenciamento de nossos rumos.
Como disse, em 2006, o articulista Marco Aurélio Weissheimer, “o caminho nessa direção passa por apostar em mais democracia e não em menos. Há muita gente que anda desencantada com a política e que argumenta que não vem adiantando grande coisa votar. Esse diagnóstico sugere que um sistema democrático não sobrevive se os cidadãos limitarem sua participação ao ato de votar. Se é assim, participar das eleições, manifestar sua indignação ou aprovação através do voto, é uma condição necessária mas não suficiente para a democracia. Se é razoável definir a corrupção como a apropriação do espaço público e do Estado por interesses privados, a forma de combatê-la é democratizar o espaço público e o Estado, o que exige uma participação mais ativa da cidadania, uma participação que não se esgota no ato de votar”. É oportuno repetir: não é o político que se transforma em bandido. É o voto desinformado, vendido ou desperdiçado que transforma bandidos em políticos.