Quando da invasão estadunidense ao Iraque escrevi aquela época que o maior legado que o general Bush deixaria para a história seria a sua obsessiva ideia de solucionar o conflito mundial através da violência de uma guerra. O general não enxergava, por exemplo, qualquer contradição em invadir o Iraque para exigir o cumprimento de Resoluções da ONU, ao mesmo tempo em que apoiava Israel no seu assumido desrespeito à própria ONU, quando manteve a insana política de massacrar palestinos e de praticar o terrorismo estatal. Não enxergava qualquer ironia no fato de possuir o maior armazém de armas químicas e de destruição em massa da história, mas querer justificar uma guerra porque aquele pequeno e pobre país supostamente possuía um “titica” dessas mesmas armas, outrora fornecidas pelos próprios estadunidenses, quando o inimigo morava no vizinho Irã.
Naquela época de nefasta memória, registrei a hipocrisia do império que sempre apoiou e ainda apoia ditaduras em todo o mundo, inclusive estimulando golpes de Estado, ter retirado o apoio ao seu ex-aliado Saddam Hussein, alegando que, repentinamente, deixara de ser um “bom mocinho”. Pouco importava se as pessoas se convenceram de suas proposições, o que apenas lhe interessava era fazer valer a sua ditatorial vontade, a sua incontrolável arrogância e o seu compromisso com o desenfreado lucro das indústrias bélicas. O tempo mostrou que os seus críticos estavam corretos, bem assim que a sua violência somente serviu para desestabilizar a região, provocando guerras civis, terrorismo em larga escala, genocídios generalizados, países destruídos e multidões de imigrantes vagando sem a esperança de um dia pousar em um porto seguro.