Publicação excelente veiculada na revista Exame sob o título “Rondônia: um porto seguro em tempo de crise” mostra as potencialidades do estado que, como já dissemos aqui, se apresenta como uma ilha de equilíbrio e serenidade no mar revolto da conjuntura econômica nacional. A estratégica inserção do estado na mídia nacional para atrair investimentos privados, via exibição de nossas potencialidades, ocupou espaço também na revista Veja, em página dupla que apresenta nossa piscicultura para garantir, já no título, que Rondônia é terra de oportunidades até debaixo d’água.
Na revista Exame o texto destaca que “A crise econômica que se arrasta há quase uma década tem tirado a confiança do empresariado, gerado desemprego e levado vários estados brasileiros ao colapso financeiro. Esse cenário, no entanto – continua -, é bem diferente da realidade de Rondônia, estado com DNA agropecuário que cresce de forma constante desde 2011 e que fechou o ano de 2016, um dos piores da história recente do Brasil, com um aumento de 4,7% no PIB. As perspectivas para os próximos anos são ainda mais animadoras, o que tem atraído empresários dos mais variados segmentos, desde produtores rurais até indústrias processadoras, passando por fornecedores de insumos, logística e serviços e executivos altamente qualificados”.
A matéria assinala, como igualmente já dissemos, que a localização privilegiada é o grande diferencial competitivo de Rondônia: acesso ao mercado dos países andinos e aos portos do oceano pacífico através do Chile. Estima em mais de 150 milhões o mercado consumidor do Peru, Bolívia, Chile, Equador, Venezuela e Suriname, países que importam, juntos, cerca de 192 bilhões de dólares por ano. E lamenta que o Brasil responda por somente 8,5% dessas importações. Melhor para o estado, conforme observa na matéria o superintendente do Sebrae em Rondônia, economista Valdemar Camata Júnior, que indica aí um potencial gigantesco para as empresas brasileiras explorarem.
Ou seja: o desempenho econômico de Rondônia – já muito superior à média nacional, que timidamente aparenta sair apenas agora da recessão – pode ser exponencialmente maior, desde que superadas algumas barreiras, como a conclusão da ponte sobre o rio Madeira, no distrito de Abunã, e superação dos obstáculos ambientais que impedem a conclusão do asfaltamento da BR-319 – Porto Velho – Manaus – no chamado “trecho do meio”, antropizado há décadas mas sistematicamente obstaculizado por imposição de entidades ambientalistas internacionais.
Rondônia é, de fato, um porto seguro em tempos de crise, como assinala a produção editorial. E não apenas com as Isenções fiscais e logística privilegiada que atraem empresários e impulsionam o agronegócio no estado. Pode estar aí uma excelente bandeira de luta para nossa classe política se distanciar da crise nacionalmente instalada a partir da divulgação das delações premiadas, que acabaram por afastar o eleitorado de toda a classe política. É preciso, portanto, se afastar da pauta nacional fortemente negativa e regionalizar sua atuação. Mostrar empenho, por exemplo, na luta pela aceleração do processo de transposição dos servidores para os quadros da União, tanto na esfera administrativa quanto na judicial.
Segundo o conselheiro federal da OAB/RO, advogado Elton Assis, Rondônia deixa de economizar em torno de R$ 30 milhões ao mês com a folha. E várias sentenças de primeiro grau favoráveis ao estado aguardam julgamento no STF. Seria uma formidável injeção de recursos nos cofres do estado para enfrentamento de inúmeras demandas ainda reprimidas. Sem contar que os salários federais são vias de regra bem superiores, o que representaria benefícios diretos para milhares de famílias e mais dinheiro em circulação na economia rondoniense. Isso repercute em mais otimismo e, claro, pode favoreces eleitoralmente os parlamentares federais.
Outro foco disponível é a duplicação da BR-364. É preciso mobilização de toda a classe política e, de resto, autoridades e sociedade como um todo para buscar a aceleração do processo de privatização. A União, honestamente, não terá como investir aqui os vários bilhões de reais necessários á execução da obra. Ainda que tivesse recursos orçamentários para tanto, estados politicamente mais representativos não permitiriam, especialmente com a crise que os assola. Mas Rondônia precisa da duplicação da rodovia para continuar a crescer, conforme bem observou o coordenador de engenharia do DNIT/RO, engenheiro Alan Lacerda, que chamou a atenção para o risco de comprometimento de nossa economia em função da falta de infraestrutura.
O transporte intermodal da produção, que reúne o acesso à hidrovia do Madeira pela BR-364 está ameaçado pela precariedade da rodovia, na decrepitude de seus 34 anos completados este mês. É preciso mobilização das bancadas de Rondônia e Acre O e AC, para cobrar a obra. É preciso igualmente esclarecer a população sobre a privatização. É certo que com ela vêm os pedágios. Mas sem ela a economia rondoniense perde muito com o fim do embarque de grãos na hidrovia do Madeira. E perde todo o estado. Sem contar o que se perde em vidas e mobilidade urbana com as atuais condições de nossa principal rodovia.