“A advocacia não é um sonho. É trabalho. E, mais do que nunca, é humanidade.”
Caros colegas, hoje é um dia memorável. Hoje, vocês recebem suas credenciais, um símbolo do compromisso que assumem com a advocacia e com a sociedade. Mas antes de celebrarmos – e devemos celebrar – quero dividir com vocês uma verdade essencial que talvez não tenham ouvido tantas vezes durante a faculdade de Direito.
Vocês já ouviram muitas vezes que devem “seguir seus sonhos”. Que o segredo do sucesso é encontrar sua paixão e persegui-la incansavelmente. Mas hoje quero lhes dizer algo diferente: não esperem pelo sonho. Trabalhem.
A advocacia não é um palco. Não basta ter um diploma, uma carteira da OAB e um discurso inspirador. A advocacia é prática, é ação, é esforço diário. É estar disposto a errar e aprender. A escrever, reescrever e, às vezes, rasgar tudo e começar de novo. É saber que um dia pode trazer vitórias e o outro pode trazer frustrações, mas que, em ambos, o seu papel continua sendo o mesmo: buscar justiça para aqueles que confiam em você.
E aqui eu preciso dizer algo que talvez soe desconfortável: o mundo que vocês estão ingressando hoje não é o mesmo que existia há 10 anos.
A tecnologia está mudando tudo.
A inteligência artificial está transformando a maneira como o Direito é exercido.
E, acreditem, se tudo que vocês fizerem como advogados puder ser substituído por um robô, vocês serão substituídos por um robô.
A boa notícia? A advocacia nunca foi, e nunca será, apenas sobre conhecer leis. A advocacia é sobre as pessoas. Sobre conflitos humanos, sobre negociações, sobre confiança. E nenhuma máquina, por mais avançada que seja, conseguirá substituir a empatia, o olhar atento, a escuta cuidadosa.
As ferramentas tecnológicas podem automatizar tarefas repetitivas, melhorar a pesquisa jurídica e agilizar processos burocráticos. Mas quem estará ao lado do cliente, no momento de maior angústia, quando ele precisar entender não apenas o que diz a lei, mas o que fazer a partir dela? Quem conseguirá enxergar a dor nas entrelinhas de um depoimento? Quem oferecerá um abraço a alguém que acaba de perder tudo em um litígio?
Essa é a diferença entre o advogado comum e o advogado indispensável.
O Direito não é um sonho. É prática. É esforço, é estudar um caso até tarde da noite, é escrever e reescrever uma petição, é aprender que às vezes a resposta não vem fácil. É perder uma audiência e ainda assim levantar no dia seguinte para lutar pelo seu cliente. É não depender apenas de inspiração, mas de ação.
E não falo apenas do trabalho nos autos. Falo da construção da reputação, da confiança, da credibilidade. Falo do compromisso com a ética, com a retidão, com a coragem de fazer o que é certo mesmo quando é difícil. Falo de como se tornar indispensável em um mundo onde as máquinas fazem cálculos jurídicos, mas nunca serão capazes de substituir a empatia, a escuta atenta, a defesa apaixonada de uma causa.
O que trago para vocês hoje é um convite: transformem o trabalho em legado. Cada cliente atendido, cada causa defendida, cada parecer jurídico construído com dedicação faz parte da advocacia que vocês escolheram. E para isso, não basta ser apenas um conhecedor do Direito. É preciso ser um conhecedor de pessoas.
E se vocês querem saber o segredo para se destacar, eu dou uma dica simples: digam sim.
•Sim para as oportunidades que aparecem, mesmo que pareçam pequenas.
•Sim para aprender com alguém mais experiente.
•Sim para enfrentar desafios que parecem grandes demais.
•Sim para fazer a diferença na vida de alguém.
•Sim para a tecnologia, sem medo dela, mas com inteligência para usá-la a seu favor.
•Sim para aprender habilidades humanas que não podem ser substituídas – empatia, negociação, criatividade, visão estratégica.
•Sim para a responsabilidade que é ser advogado, porque quem escolhe a advocacia, escolhe lutar pelas histórias de outras pessoas.
Hoje, vocês entram para uma profissão que carrega consigo uma missão. Uma profissão que exige conhecimento, mas que sobrevive de humanidade.
Sejam advogados que fazem a diferença. Que não apenas dominam as ferramentas jurídicas, mas que colocam o ser humano no centro da advocacia.
O que vocês farão a partir daqui não depende de sonhos. Depende do que vocês decidem fazer, todos os dias.
Sejam bem-vindos à advocacia. Agora, mãos à obra!