O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Claudio Lamachia, afirmou que espera que o governo interino possa corresponder às expectativas da sociedade, cobrando providências em relação a denúncias envolvendo a alta cúpula do governo. A declaração foi feita nesta segunda-feira (23), em nota, após a divulgação do conteúdo de ligações telefônicas do atual ministro do Planejamento, Romero Jucá, e o o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado. As intercepções revelam supostas tratativas para interferência na Operação Lavo Jato.
“Espero que o presidente em exercício tome medidas à altura da gravidade da situação”, disse Lamachia, ressaltando que pessoas investigadas na Lava Jato não podem integrar o primeiro escalão do governo, sob o risco impedir a chance que o Brasil tem de trilhar melhores rumos. “Qualquer ação suspeita praticada pelos ministros investigados coloca o governo todo em xeque. Todos os cidadãos têm direito à ampla defesa e ao devido processo legal, mas as autoridades responsáveis pela condução do país precisam estar acima de qualquer suspeita”, alertou.
O presidente da Seccional Rondônia da OAB, Andrey Cavalcante, reforçou que o país necessita de agentes políticos que estejam em conformidade com o cargo que ocupam e que não estejam com a credibilidade comprometida. “O país todo clama por gestores isentos de qualquer suspeita. O povo não aguenta mais tantas denúncias de corrupção e, por isso, não aceita que nossas lideranças estejam envolvidas em qualquer ato que contrarie uma gestão correta e honesta, ainda que tudo isso esteja em processo de investigação e que o nome em questão esteja supostamente envolvido”, afirmou Andrey em apoio às declarações de Lamachia.
Confira a íntegra da nota:
“As revelações feitas pelo jornal Folha de S.Paulo na manhã desta segunda-feira a respeito de diálogos do ministro Romero Jucá com um interlocutor, supostamente tratando de interferências na Operação Lava Jato e no Judiciário, expõem um problema com o qual o Brasil precisa lidar de forma urgente.
Lamento que o país tenha, mais uma vez, que passar por um processo de impeachment de um chefe do Executivo. O afastamento da presidente Dilma Rousseff, no entanto, é legítimo e legal. Essa foi a conclusão dos representantes das advogadas e advogados após ampla e minuciosa análise.
A Ordem dos Advogados do Brasil torce pelo sucesso do país e espera que o governo interino possa corresponder às expectativas da sociedade. Por isso, espero que o presidente em exercício tome medidas à altura da gravidade da situação.
Desde que o novo ministério foi anunciado, alertei para o risco de pessoas sob suspeita, investigadas pela Operação Lava Jato, estarem no primeiro escalão do governo federal. A Lava Jato precisa acontecer com independência e celeridade. A sociedade clama por respostas rápidas.
O novo governo, alçado ao poder pela via constitucional e não pela via eleitoral, precisa ser um exemplo ético. Quem é investigado pela Operação Lava Jato não pode ser ministro de Estado, sob o risco de ameaçar a chance que o Brasil tem de trilhar melhores rumos. Qualquer ação suspeita praticada pelos ministros investigados coloca o governo todo em xeque.
Todos os cidadãos têm direito à ampla defesa e ao devido processo legal. Mas as altas autoridades responsáveis pela condução do país precisam estar acima de qualquer suspeita. Os investigados devem poder se defender sem, para isso, comprometer a credibilidade das instituições.”
Claudio Lamachia, presidente nacional da OAB