A recente declaração do chefe da Corregedoria-Geral da União, Jorge Hage, que afirmou durante evento público que “bons advogados” são pagos “muitas vezes com dinheiro obtido da corrupção”, levou a OAB nacional a emitir nota de contrariedade, em suma declarando que o advogado não pode ser confundido com o réu.
Em Rondônia, o Presidente da OAB/RO, Andrey Cavalcante, manifestou indignação com a profissão da advocacia, ao comparar advogados a réus. “Todo cidadão tem o direito constitucional a ampla defesa. Cabe ao advogado defender seu cliente até as últimas instâncias para garantir-lhe esse direito fundamental. Declarações como essas são preocupantes, pois representam um verdadeiro retrocesso ao Estado Democrático de Direito”, comentou.
O Conselheiro Federal que representa Rondônia, Antônio Osman de Sá, acompanha a opinião do Presidente da OAB/RO e enfatizou que só pode achar que foi uma fala de pessoa “senil, ou irresponsável, que mostrou total desconhecimento sobre o Estado Democrático e a importância fundamental da advocacia para existência desse direito, conforme preceitua o artigo 133 da CF que diz que o advogado é indispensável a administração da justiça”.
O Presidente nacional da OAB, Marcus Vinicius Furtado Coêlho, afirmou que é simplista a ideia defendida de que os honorários são pagos com dinheiro da corrupção. “Por desconhecimento ou por mero casuísmo, extrapola-se os limites do Estado Democrático de Direito, querendo transformar o advogado no delator do próprio cliente”.
“Criminalizar o advogado pela origem duvidosa dos honorários é tão absurdo quanto fazer o mesmo com qualquer outro profissional que tenha de alguma forma prestado um serviço ao réu”, exemplificou Marcus Vinicius.