A dramática situação vivenciada hoje pelo país evidencia de forma inequívoca e clara – somos forçados a admitir – a necessidade de mudanças drásticas na condução dos destinos da nação. Assim analisou, neste sábado (20), o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Rondônia Andrey Cavalcante.
“Estamos envenenados por práticas imorais em absolutamente todos os níveis de governo, com raríssimas exceções. Não é uma crise sazonal, episódica ou pontual. Não é uma crise ética ou moral, porque ética e moral há muito infelizmente deixaram de existir não apenas no dicionário governamental, mas em praticamente todos os demais setores da vida nacional”, afirmou.
Andrey também disse que protestos veementes, indignação furiosa, discursos contundentes e vitimização lamuriosa servem apenas para escamotear a realidade perniciosa, deletéria e pestífera sobre a qual se instala o caráter daqueles aos quais é concedida a gestão da vida nacional.
É preciso apagar esse quadro insalubre. É preciso começar de novo, estabelecer um marco zero.
Claro que sem perder de vista a necessidade de punir, comprovada a culpa – respeitado o devido processo legal – de tantos quantos praticaram os atos criminosos que conduziram a nação envergonhada ao descalabro atual.
É inconcebível que o país seja forçado a viver à deriva, sempre na expectativa de um novo escândalo.É fundamental que os dirigentes se apiedem da população, que não suporta mais tamanho descalabro. Tanta ignomínia. Tanta humilhação. Tanta vergonha!
Faço questão de registrar aqui a nota distribuída pela Diretoria da OAB Rondônia, que clama pela restauração do decoro do cargo de presidente da República, precipuamente, da preservação da dignidade da mais alta instituição da República, sua própria representação.
É absolutamente incompatível com isso o silêncio que impera desde que reveladas as últimas notícias.
À falta de esclarecimentos contundentes, até agora não manifestados, a renúncia se impõe.
Sem embargo, reitera sua convicção de que o remédio para a cura das crises, sobretudo as mais agudas, é sempre o império da lei e a manutenção da institucionalidade.
O país tem pressa, para a grave crise atual deve dar-se no absoluto respeito à constituição.
É preciso dar publicidade às gravações e ao fundamento das acusações. Os atingidos por elas têm o dever de se explicar e oferecer à população pública suas versões.Se as alegações de defesa não forem convincentes – e não basta argumentar: são necessárias evidências – os implicados terão o dever moral de facilitar a solução, ainda que com gestos de renúncia.
O país tem pressa.Não para salvar alguém ou estancar investigações.
Pressa para ver na prática medidas econômico-sociais que possam dar segurança, emprego e tranqüilidade aos brasileiros.
E pressa, sobretudo, na conduta dos homens públicos.