A vice-presidente da OAB-RO, Vera Lúcia Paixão, e a presidente da Comissão de Igualdade Racial, Brígida Amanda, participaram de uma roda de conversa com o tema a respeito de paridade, equidade de gênero, conquistas e obstáculos da atuação feminina nas carreiras jurídicas, na noite da última quinta-feira (16), no auditório do Ministério Público de Rondônia, em Porto Velho.
No encontro, as profissionais partilharam experiências, abordadas nos temas de carreira e gênero; carreira e maternidade; igualdade salarial e a interrupção de fala das mulheres (manterrupting) em atos jurídicos processuais.
Mediadora dos trabalhos, a Promotora de Justiça com atribuições no Juizado da Violência Doméstica e Tribunal do Júri – Feminicídio, Tâmera Padoin Marques Marin, falou da importância da atividade como mais um movimento em direção ao empoderamento de mulheres, tão reivindicado pela sociedade atual e também necessário no âmbito do sistema de Justiça.
Também estavam presentes: a Desembargadora aposentada Zelite Andrade Carneiro, integrante da primeira turma de Membros do MPRO e a Juíza do Poder Judiciário do Acre Rosilene Santana Souza, filha de trabalhadores rurais que deixou o sertão da Bahia para perseguir o sonho da Magistratura.
A Promotora citou dados do universo das carreiras jurídicas, mencionando que embora mulheres ocupem quase metade dos cargos no Ministério Público e Magistratura e superem o número de homens inscritos na OAB, sua presença em posições de liderança ainda é pouco expressiva. Como exemplo, citou composições de tribunais superiores e dos conselhos do Judiciário e MP brasileiros.
Vera Lúcia Paixão – Advogada com 41 anos de experiência, Vera Lúcia Paixão relatou ter vivido intercorrências relacionadas ao gênero no início da carreira, no Município de Ji-Paraná, então Vila de Rondônia. A vice-presidente da Ordem contou ter recebido voz de prisão ao prestar atendimento a um cliente que recebia tratamento inadequado na delegacia. Foi o primeiro caso de um advogado preso no exercício da função no Estado. “Em pouco tempo, chegaram 16 colegas no local. Sempre recebi muito apoio e acolhimento da Ordem. O mais importante é pensarmos que cada mulher deve estar onde ela quiser estar”, declarou.
Brígida Amanda – Presidente da Comissão de Igualdade Racial da OAB, a advogada Brígida Amanda apresentou suas percepções sobre os desafios das novas gerações nas carreiras jurídicas, mencionando as dificuldades enfrentadas no cotidiano.
Especialista em Direito de Família, disse ter desenvolvido um olhar para questões de gênero a partir dos casos em que trabalhou. “Hoje, me considero feminista e ativista, mas isso nunca foi um projeto. Minha advocacia é exercida em prol das mulheres. Algumas histórias em que fui atuando fizeram com que tivesse que tomar um partido. Senti que foi necessário”, pontuou.
Ao final do evento, Tâmera Padoin Marques Marin sublinhou a importância das mulheres no sistema de Justiça, ressaltando a capacidade feminina e a contribuição que prestam, como integrantes do tecido social, destinando um olhar mais sensível, diverso e plural às causas em que atuam. “Ter a presença de mulheres em carreiras jurídicas aprimora o fazer da Justiça”.